MITO

Na mitologia grega, Quiron é filho do deus Cronos e da ninfa Filira. O centauro, metade cavalo e metade homem, que fora abandonado pelos pais e, futuramente, adotado pelo deus Apolo, tornou-se médico, sábio, terapeuta, professor, profeta e músico.Um dia, durante uma batalha entre Hércules e outros centauros, Quiron foi ferido acidentalmente em sua parte animal com uma flecha de Hércules que estava envenenada com o sangue de Hidra.

O veneno causou uma ferida que Quiron nunca poderia curar, mas também não poderia morrer por ser imortal.

Estando fadado a sofrer para sempre, ele se recolheu em uma gruta no monte Pélion onde, porém, continuou transmitindo seus conhecimentos aos seus discípulos. Quiron foi professor e tutor de heróis famosos tais como: Aristeu, Ajax, Enéas, Teseu, Aquiles, Jasão, Peleu, Héracles, Orfeu e Asclépio.

Então um dia ele soube que Prometeu estava acorrentado por ter roubado o fogo para a humanidade, e decidiu participar de uma troca: a liberdade de Prometeu por sua imortalidade. Dessa forma, teria a chance de se livrar de seu  infortúnio com a morte, transformando-se na constelação do Centauro.

Apesar de ter se tornado mestre nas artes curativas, jamais conseguiu tratar de sua própria ferida e, por isso, representa a figura do Curador Ferido, aquele que desenvolve o dom de curar a partir da experiência com sua própria ferida incurável. O princípio que subjaz a mensagem de Quíron é o conhecimento vivencial de uma ferida constantemente presente no processo de qualquer cura.

As “feridas” representam os conflitos, obstáculos e desafios, sempre presentes, que enfrentamos pessoal e profissionalmente. A partir delas temos a oportunidade de gerar novos recursos subjetivos, de nos aprimorar constantemente. Por isso, são essenciais para o desenvolvimento humano. Neste sentido, a simbologia da cura pode ser entendida como o processo de superação das dificuldades, tanto individuais, quanto daquelas inerentes ao contexto institucional, que se dá a partir da aprendizagem dos aspectos que
precisam ser reelaborados e das formas alternativas de trabalho que podem e devem ser geradas.

Os psicólogos, educadores e profissionais que trabalham em prol do desenvolvimento humano são representados por Quiron, pois detém o desafio de provocar a emergência de novos recursos e possibilidades de superação, de aprendizagem e de transformação pelos indivíduos e grupos com os quais desenvolvem seu trabalho.